SER PRESIDENTE NÃO MUDA O QUE TU ÉS, REVELA PENAS O QUE TU ÉS – Michel Obama

Por Sarmento Rodrigues, em Lisboa (*)

            Decidi recorrer a esta frase épica de Michel Obama, para dissertar sobre o nosso actual Presidente Filipe Nyusi, agora em campanha eleitoral pela sua própria sucessão, mais porque me julgo capacitado para isso, em função da minha já longa idade, que me faz ser a tal ‘’Biblioteca Humana Viva’’ de que falava em vida Samora Machel, quando se referia aos idosos como eu.

Irei falar de Nyusi tendo em conta que sou um dos poucos moçambicanos que conheci e interagi de perto com todos os quatro presidentes que já tivemos desde a independência, porque apesar de viver fora do País. Por isso ‘’vejo’’ nesta frase de Michel Obama de que ‘’ser Presidente não muda o que tu és, revela apenas o que tu és’’ como uma pura verdade.

            Revela o que alguém já era antes de ser presidente, não só porque passa a ser mais escrutinado ou vigiado pelos seus compatriotas, mas também porque se não se é bem ‘’cozido’’ ou quando não tem um bom carácter, quando se torna Chefe de Estado a tendência é perde o que os sul-africanos designam por ‘’Obunto’’, que é o sentido de humanismo e de bem se relacionar com outras pessoas ou compatriotas.

            Por exemplo, quando Filipe Nyusi foi proposto como um dos três pré-candidatos da FRELIMO para as eleições gerais de 2014, pouco ou nada se sabia dele, e como era o terceiro desse trio, só poucos o encararam como podendo vir a ser ele a ser o candidato da Maçaroca como acabou sendo e sendo também subsequentemente o quarto Presidente de Moçambique que já é desde 2015.

            Uma vez que assumo esta tese de Michel Obama como valida, quero me servir dela para analisar Nyusi ao longo deste artigo, porque estou convencido que a função de Presidente que está a exercer está REVELANDO O QUE ELE É de facto, tal como está revelando outros estadistas tal como os polémicos e quiçá temperamentais Donald Trump, dos EUA, e Boris Johnson da Grã-Bretanha. Vou fazê-lo porque Samora Machel incumbiu-nos a nós jornalistas a missão de INFORMAR, como também as de EDUCAR e FOMRAR o povo.  

            Para mim, ao longo destes cinco anos que Nyusi está na Chefia do Estado moçambicano, permitiu-nos saber ou ver, através da sua pratica quotidiano, quem é ele afinal, isto é, se é alguém que se pode CONFIAR como nos impelia o Slogan NYUSI CONFIO EM TI durante a sua primeira campanha eleitoral com que impelia o eleitorado para votar nele em 2014. Entendo que do mesmo modo que ensinamos as pessoas como devem votar, julgo que é imperioso que expliquemos também quem são os candidatos que estão a concorrer à Presidência e aos outros cargos, sob pena das pessoas menos informadas votarem atabalhoadamente.

            Assim dito, avaliando pelo que Nyusi fez ao longo destes cinco anos, já estamos em condições de o julgar se é ou não um bom presidente, mais do que isso, se merece ser reeleito. Creio que não estaria errado se dizer que Nyusi é digno de confiança e recomendável para um segundo mandato, porque cumpriu com grande parte do que prometeu. Seguramente que Nyusi não faz parte dos maus políticos catalogados por Geovani Papini que passam a vida a dizer o que não fazem, e a fazer o que não dizem, ou que pensam o que não dizem e dizem o que não pensam.

            Por exemplo, Nyusi prometeu, durante o discurso que proferiu pouco depois de ser empossado no dia 15 de Janeiro de 2015, que faria tudo que estivesse ao seu alcance para pôr fim à guerra que então era levada a cabo pela RENAMO, de modo que nós moçambicanos não mais nos matemos uns contra os outros, e cumpriu com esta sua promessa. Para tanto, Nyusi aceitou arriscar a sua própria vida indo até ao reduto de Dhlakama, mesmo sabendo que este o encarava até então como seu inimigo!

 Quando menos esperávamos pelo fim das escaramuças que quase paralisavam o País e causava mortes, Nyusi conseguido chegar a um entendimento com o então líder da RENAMO, Afonso Dhlakama, que fez com que este declarasse um cessar-fogo no dia 26 de Dezembro de 2016. Exceptuando as estranhas matanças que estão sendo protagonizadas pelos bandidos que actuam na Província de Cabo Delgado, o País está em Paz desde Dezembro de 2016 até à presente data.

Outra das grandes promessas que Nyusi fez tanto durante a sua primeira campanha eleitoral em 2014, como ao longo destes cinco anos da sua governação foi que iria combater sem complacência a corrupção, especialmente a chamada grande corrupção cujos protagonistas gozavam então duma impunidade sacrossanta, e está também a cumprir. Uma das provas irrefutáveis de que está a cumprir são as detenções que estão sendo feitas pelos Órgãos da Justiça e que já levaram à cadeia pessoas que antes se consideravam elas próprias intocáveis e muito menos julgáveis.

A detenção dessas pessoas leva-me a crer que ele não é de facto desse grupo de políticos de que falou Papini no seu livro A Vigia ao Mundo, porque está a fazer o que tem dito. Ele disse que iria fazer tudo para resgatar a paz, e fez tudo que podia. Disse que iria combater a corrupção, e está a combatê-la de facto. Meses antes do inicio desta campanha, ouvi um destacado membro de um dos partidos da Oposição, dizer após sairmos dum velório que Nyusi devia ser apoiado por todos os moçambicanos, mesmo que não sejam da FRELIMO ou mesmo que sejam contra esta formação politica, porque segundo ele, está fazendo o que deve ser feito por quem ama o seu país e bem-estar dos seus compatriotas.

Diz que Nyusi lembra-lhe o antigo líder chinês, Deng Xiaoping, quando dizia aos seus compatriotas que ‘’não importa que o gato seja branco ou preto, desde que cace ratos’’. Diz que para ele, não importa que Nyusi seja da FRELIMO, porque está fazendo o que é preciso que seja feito para o bem de todos os moçambicanos, e a prova disso é ter organizado um funeral quase de Estado para Afonso Dhlakama e estar a se dar tão bem como Ossufo Momade e com todos os líderes dos partidos da Oposição’’. Para quem viu pelas TVs como eu aqui em Portugal, parecia mais um filme do que realidade. Valeu-me o testemunho de familiares e amigos aí no País que me afiançaram que Nyusi fez mesmo um funeral digno dum Guinness Book. Por isso eu defendo que temos de reconduzir este grande humanista porque só com humanista como ele se reconcilia uma nação.

‘’Nyusi é de facto pela paz e muito contra os corruptos, o que é o mesmo que dizer que é pelo desenvolvimento deste País. Logo, se de facto queremos um bom Presidente, então devemos eleger Nyusi, porque é um excelente Presidente. Devíamos votar nele para que ele possa continuar o trabalho que tem estado a fazer. Tanto mais que está provado que não se muda um cavalo que está a correr bem’’, disse o tal destacado membro de um dos partidos da Oposição, falando na condição de anonimato.

Durante a conversa que mantive com ele no passado dia 26 com esse membro da Oposição, disse ser imperioso que Nyusi seja reeleito porque é quem de facto está fazendo guerra aos corruptos. Diz que não podemos dizer que o que fez é muito pouco porque temos que ter em conta que está a começar quase do zero. Para esse membro da Oposição, o combate à corrupção não será uma missão fácil e nem de pouca duração, porque pesar de ser aquele punhado de pessoas que se apoderava sozinha de quase tudo o que é de nós todos. Já são a tal ‘’minoria destrutiva que é capaz de envenenar o poço em que a maioria deve beber água’’, como dizia Martin Luther King.

                Para ele, uma das causas que está por detrás da prevalência da corrupção, não é tanto porque os corruptos são os intocáveis ou inexpugnáveis, mas apenas porque aqueles que deviam exigir a aplicação das leis, se furtam ao seu dever e, nalguns casos, se tornam eles próprios corruptos. Isto mina toda e qualquer iniciativa que vise acabar-se com a corrupção, porque como dizia o mesmo Luther King, ‘’as leis em si não bastam quando não há quem as faça cumprir de facto’’. ‘’As leis apenas proclamam os direitos e deveres, mas não os providenciam automaticamente’’, assim dizia sempre Luther Martin King Jr, vincando que só quando elas são aplicadas é que produzem resultados.

NYUSI DEU O SEU AVISO DE MAU TEMPO AOS CORRUPTOS

NO DIA 13 DE OUTUBRO DE 2017 NO HOTEL GLÓRIA

Na verdade, Nyusi deu o aviso de mau tempo aos corruptos durante uma reunião com os directores da Função Publica no Hotel Glória em Maputo no dia 13 de Outubro de 2017, ou seja, há quase dois anos.

Nessa reunião que tive a felicidade de ‘’ver’’ através das Tvs, mas que agora parece ter sido esquecida pela maioria dos próprios Directores e do público em geral, deixou muito claro que iria actuar com dureza contra os corruptos, sejam eles funcionários públicos ou civis, desde que se envolvessem em práticas de corrupção.

‘’Minhas Irmãs e Meus Irmãos, 3 Caros participantes; Há pouco mais de dois anos e meio, fomos escolhidos pelo povo moçambicano para dirigir um novo ciclo de governação no nosso país. Nos dias subsequentes à nossa tomada de posse, formámos a equipa governativa que nos ajudaria a dar corpo ao nosso programa de Governação, um programa que resultou do compromisso que assumimos perante os moçambicanos’’, disse nessa reunião.

‘’ Assumimos liderar uma renovação ajustada às prioridades de governação, claramente, plasmadas no nosso Programa Quinquenal. Daí a escolha do lema: “Por uma Administração Pública Integrada, contra a Corrupção e Orientada para resultados”. O Programa Quinquenal do Governo deve ser conhecido por todos nós. Ele é a bússola que deve orientar as nossas acções como Governo.’’ eis como Nyusi começou a sua intervenção nessa reunião, para a seguir definir as qualidades de um bom quadro e bom funcionário, da seguinte maneira: O bom quadro é aquele que apresenta talento e virtudes. bom funcionário é aquele que é leal, valente e hábil no seu trabalho. É o funcionário profissionalmente competente, com integridade moral e com confiança do nosso povo. A integridade é a nossa capacidade de assumir compromissos sérios, que fizemos connosco mesmos e manter os que assumimos com os outros. Integridade é fazer o que dizemos. Nós queremos funcionários firmes nas suas convicções, que trabalham de forma diligente e pragmática, responsável e honesta. Cada um de nós deve lutar para ser o melhor, portanto, para ser o bom funcionário, o bom dirigente e só assim elevaremos a qualidade e a excelência da nossa instituição, da instituição que dirigimos. Os bons funcionários não surgem ao acaso. A excelência de um quadro requer o esforço individual de cada um e da formação que lhe é oferecida. O esforço individual é essencial para o próprio crescimento’’.

Nyusi centrou então a sua intervenção sobre a endémica CORRUPÇÃO em Moçambique, tendo feito a seguinte afirmação: ‘’Minhas Senhoras e Meus Senhores! Depois de chamar a atenção sobre o nosso desejo de qualidade do funcionário e abordar sobre o perfil do dirigente para os desafios que pretendemos vencer, permitam e aqui, que escolha como tema, o maior desafio que enfrentamos, como povo, hoje – a corrupção. Não pretendemos que deste discurso venham elogios, estamos a trabalhar, estamos a dizer, directamente, a quem deve combater a corrupção, a quem não deve praticar a corrupção. A corrupção é uma doença que tem carcomido a nossa sociedade, retardado o nosso desenvolvimento e tem denegrido a nossa reputação há já muito tempo. Pois vejamos, os índices de corrupção que se apresentam no País que são muito elevados e assustadores. A nível dos treze países da SADC, Moçambique ocupa o quinto lugar entre os países mais corruptos da região’’.

O momento em que Nyusi deixou mais do que claro que não iria mais tolerar a corrupção, foi quando fez esta asserção: Senhoras e Senhores Dirigentes, conforme afirmei recentemente, “não deve haver qualquer dúvida de espécie alguma: a luta contra a corrupção é o mais urgente e crucial”. Tal como no passado, em que nos unimos para ultrapassar os desafios enfrentados, devemo-nos unir para livrarmos Moçambique deste mal de uma vez por todas. A luta contra a corrupção deve ser travada pelos e para os moçambicanos. A corrupção é uma realidade global antiga e penetrante – é uma doença universal. O seu impacto é adverso.’’

Hoje, com as detenções que estão sendo feitas, mostram que quando Nyusi disse isto que aqui transcrevi a partir desse seu discurso do dia 13 de Outubro de 2017, estava dizendo o que iria fazer e a pensar o que de facto pensava fazer. Por isso o Slogan da sua presente campanha que reza que É CONTIGO QUE DÁ CERTO, é mesmo com ele que TUDO DÁ CERTO. Nyusi recomenda-se. Vamos votar Nyusi. Não importa que ele seja da FRELIMO, porque está fazendo o que nós como povo queremos. (*) Moçambicano residente em Portugal há 45 anos