O combate a corrupção é como malária: só se conhece a magnitude de à medida que se multipliquem os testes
Voltou a ser notícia o assunto das dívidas ocultas ou não
declaradas e desta vez com a menção de uma suposta conta bancária pertencente a
FRELIMO. Digo suposta por ainda estar por apurar a veracidade dos factos. Devo
contar uma pequena história para tornar a minha dúvida inteligível:
Em 2018, quatro cidadãos associaram-se e criaram uma conta
bancária chamada AUTORIDADE TRIBUTÁRIA DE MOÇAMBIQUE. Não se sabe como um banco
aceitou abrir uma conta bancária com tal nome. O objectivo era desviar todos
depósitos dos utentes do serviço para tal conta. Foi um esquema que foi
desmantelado pela nova direcção. Veja toda história aqui:
https://bit.ly/31XqRkh
Se até o estado foi usado para defraudar todo um país e
povo, quanto mais um partido político, uma entidade privada!? Nessa saga,
ninguém escapou à fraude. Esta é a minha primeira impressão. Não espante que
brevemente também descubramos que até um talho, agência funerária ou agência de
viagens tenha sido usada para tais fins fraudulentos.
Desde que o processo das dívidas ocultas iniciou, mais de
duas dezenas de indivíduos de topo de gestão do estado e do governo foram
detidos, fruto do compromisso do Estado e governo moçambicanos no combate à
corrupção.
A REVELAÇÃO DA NOTÍCIA É UM ALERTA AO PRESIDENTE NYUSI
Debalde tentou o Estado moçambicano, através das suas
instituições de administração de justiça pedir mais informação e colaboração do
estado norte-americano que ajudassem a esclarecer cá em Moçambique o caso. O
Estado americano não cooperou, consta dos relatórios. Agindo assim, os EUA
deixaram o estado de Moçambique no “escuro”, agindo na base do que sabia. Se
calhar, se tivesse sabido antes, o governo de Moçambique tomaria algumas
providências internas; a própria FRELIMO tomaria algumas precauções com relação
as suas escolhas e missões ou mesmo, com relação a distribuição de tarefas.
Portanto, este assunto é do passado e do presente. O povo já
fez a sua sentença. O povo conhece quem está implicado e quem não está.
Felizmente, o nosso Presidente não está associado a esse roubo. Inclusive a
FRELIMO, que, à semelhança do estado, também é vítima, pois o seu nome foi
igualmente usado para atender fins individuais ou de grupo.
Este é o ciclo de governação que desde 2015 até hoje tem se
evidenciado na purga ao mau comportamento e na limpeza de corruptos que
infestam e dominam as instituições do estado e do partido. Quando a FRELIMO
fala do combate a corrupção não exclui. Ela própria se inclui nessa luta.
Quando a FRELIMO fala de “purificação de fileiras”, também inclui este aspecto.
A agenda de combate a corrupção da FRELIMO e do Presidente
Filipe Nyusi foi recentemente reconhecida e sufragada nas últimas eleições
gerais e vai continuar com maior vigor no próximo ciclo de governação.
Portanto, não há essencialmente nada de novo que a notícia traga se não o
reconhecimento da magnitude da burla e do quão a ladroagem afectou as
instituições públicas e privadas e que só agora o seu combate iniciou com novos
métodos e novo vigor.
A REVELAÇÃO DA NOTÍCIA É UM ALERTA AO PRESIDENTE NYUSI,
agora que se prepara para a formação de um novo governo, da composição de uma
nova Assembleia da República e de novos órgãos de administração do estado. Este
alerta serve para afinar a malha da rede anticorrupção dentro e fora do Estado
e do partido FRELIMO de modo a evitar a intromissão de agentes de agentes
contaminados na gestão da coisa pública.
Por: Egidio Vaz
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